quarta-feira, 30 de março de 2011

Os think tanks e para quem a esquerda trabalha

As ciências sociais tal como as naturais tem como base a observação. Nas ciências sociais a estatística é como o dado bruto. Sobre o grau de certeza nas ciências sociais, diz Miguel Reale: "obtida mediante o rigor do raciocinio, a objetividade da observação dos fatos sociais e a concordância de seus enunciados", e ainda: "se estabelece em principios e leis, mas em leis de tendência visto se basearem em dados estatísticos e probabilísticos, ou por terem sido estabelecidas "com rigor", à vista da observação positiva dos fenômenos ou fatos sociais".

Então, a observação dos fatos ligados pelo raciocínio que formam constantes repetíveis(as leis, ou princípios) que concordam entre si e confluem no sistema é o método básico das ciências sociais. Tendo, é claro, a ressalva de que a lei "é de tendência".

As constantes repetíveis que marcam a passagem da observação para a lei no entanto podem diferir de caráter da lei, o que diferencia a psicologia da sociologia do direito da administração da economia etc... e, quando o caráter das leis é o mesmo, o caráter estruturador do sistema pode variar em profundidade, pois nem sempre os sistemas da sociologia, por exemplo, serão auto excludentes sendo possível a sua hierarquização(Olavo de Carvalho faz isso com a psicologia em seu livro de Astrocaracteorologia).

Assim para a correta observação dos fatos sociais não é apenas necessário saber bem utilizar a ciência estatística como também delimitar a área de aplicação do método. Não é apenas necessário saber ouvir as respostas mas também saber fazer as perguntas.

Todo cientista social e político sério tem que saber fazer isso.

Perceberam que falei cientista social e político? É por que a linha que os divide é muito tênue sendo talvez uma a ciência pura e outra a aplicada. Assim, em política o manejo apropriado da informação estatística é, muitas vezes, o que divide a vitória da derrota. Quem não tem o controle do fluxo de dados numa discussão só tem como opções o silêncio ou, o que é pior, a tentativa de fugir dos fatos.

Ocorre, no entanto, que as pesquisas estatísticas não dão em árvores. Elas são caras e trabalhosas. Assim de objeto de estudo elas se tornam arma política que, aliada à mídia, é hoje um dos principais campos de batalha da política. Pois, quem pode bancar algo desse tipo decerto tem interesse político pois são em geral empresários, militância ou grupos organizados.

As organizações que fazem esse tipo de pesquisa são chamadas de think tank. Você pode não saber o que é isso mas os efeitos se fazem ver em toda mídia, na discussão sobre política com seu vizinho, em livros etc... Assim conhecer de onde vem a informação é tão importante quanto a mesma("o espalhar dos dados é também um dado").

Logo, é natural que a Heritage foundation (que publicou recentemente o ótimo Ranking de liberdade economica: www.heritage.org/index/) que defende "free enterprise, limited government, individual freedom, traditional American values, and a strong national defense." tenha como fonte pagadora "private financial support of the general public—individuals, foundations, and corporations—for its income, and accepts no government funds and performs no contract work."

Poderia ser paradoxal, no entanto, que a IETS(Instituto de estudo do trabalho e sociedade www.iets.org.br), esquerdista que só ela, e que tem como valores: "circulation of ideas and information related to poverty, social equity, the reform and modernization of the public sector " tenha como fonte pagadora o pessoal da nova ordem mundial("parceiros e financiadores dos projetos desenvolvidos pelo IETS estão fundações, organismos internacionais, entidades de classe, organizações do setor empresarial, do setor público e do Terceiro Setor")

Também seria paradoxal que a sra. Celina Vargas do Amaral Peixoto, neta de Getúlio Vargas, uma dos principais pesquisadoras do IETS e que, segundo entrevista da revista Istoé, tem em sua casa um quadro grande de Getúlio e outro maior de Fidel Castro tenha sido uma conselheira da comissão de governança global(www.sovereignty.net/p/gov/gganalysis.htm).

E mais ainda seria se observássemos a estreita colaboração entre ONG's, "nações indígenas" e os ditos movimentos sociais e organizações esquerdistas.

Mas não há paradoxo nenhum. Simplesmente descobrimos para quem a esquerda trabalha.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Sobre a Crítica

Com razão Fernando Pessoa fala que "falar é a melhor forma de nos tornarmos desconhecidos".

É perscpicuo sinal de vacuidade o muito falar. Característica gritante de pseudo-intelectuais, artistas em geral e dondocas de toda sorte.

A crítica, seja de que tipo for, tem ainda o agravante de ser algo como a maledicência além da sempre possível chance de ser injusto com alguém.Sendo assim, por que exercer atividade tão perigosa e talvez nociva?

O próprio Pessoa esboça como resposta a inocuidade da crítica ao criticado e o prazer do crítico. Rejeito a resposta que na verdade não responde nada pois, se é inócua ao criticado me parece periculosa ao próprio caráter do crítico.

No entanto, antes de responder ele dá uma estrutura da crítica. Uma obra se avalia 1-pelo se valor(crítica da proximidade da obra ante sua idéia), 2-pela sua produção(crítica psicológica) e 3- pela significação humana(crítica sociológica). Ora, mas a crítica também é uma obra, uma produção e pode ser julgada como tal gerando assim uma crítica da crítica.

Para se julgar a crítica em seu critério valorativo observa-se o quanto o crítico rejeita o valor da obra criticada e sua eficiencia em destruí-la. Na crítica psicológica observa-se não o valor da obra mas do efeito que esta trouxe ao artista. A crítica sociológica também não se interessa tanto pelo valor da obra em si, antes pelos efeitos sociais da mesma.

Daí nota-se que em toda crítica há rejeição e aí reside o valor e a razão da crítica, ou seja, a de educar. Pois em toda a rejeição há delimitação, conduzindo(donde guiando e educando) o homem ou o povo de maneira negativa, ensinando-o onde não ir. Não sendo necessário portanto nem que se conheça o autor nem a obra criticada, podendo-se ler a crítica antes do objeto criticado conseguindo com isso o mesmo efeito