quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Dois Trechos Memoráveis do Sertillanges

-O trabalhador que no esforço novo encontra a recompensa do esforço antigo, que dele faz o
seu tesouro, é de ordinário um apaixonado; não há meio de o desapegar do que assim é
consagrado pelo sacrifício. O seu andar, na aparência mais lento, dispõe de recursos para ir
por diante. Pobre tartaruga laboriosa, não perde o tempo em ninharias, porfia, e ao fim de
poucos anos, ultrapassa a lebre indolente, cuja marcha desimpedida lhe causava inveja,
enquanto se arrastava lentamente.
****
-A humanidade cristã compõe-se de personalidades diversas, e nenhuma destas pode abdicar
daquela sem empobrecer o grupo e privar o eterno Cristo de parte do seu reino. Jesus Cristo
reina pelo seu desdobramento. A vida de qualquer dos seus <<membros>> é um instante
qualificado da sua duração; qualquer caso humano e cristão é um caso incomunicável, único e,
por conseguinte, necessário, da extensão do <<corpo espiritual>>. Se sois porta-luz, não
escondais, debaixo do alqueire, o brilho pequeno ou grande que de vós se espera na casa do
Pai de família. Amai a verdade e os seus frutos de vida, para bem vosso e dos outros;
consagrai ao estudo e à sua utilização o principal do vosso tempo e do vosso coração.
Todos os caminhos, excepto um, são maus para vós, visto que todos se apartam da direcção
onde se espera e se requer a vossa acção. Não sejais infiel a Deus, nem a vossos irmãos, nem
a vós próprios, rejeitando um apelo sagrado.

Platão, Carta VI

"Esta carta vós deveis ler; o melhor seria que lessem juntos, caso contrário ao menos dois; tão em comunhão quanto possível. Deveis reconhecê-la como um contrato e uma lei obrigatória, pois ela é justa. E deveis jurá-la com uma sobriedade não desprovida de música, assim como uma uma alegria que é irmã da sobriedade. Deveis jurá-la pelo Deus que é o guia em todas as coisas, presentes e futuras, e pelo nobre pai do guia e autor; o qual devemos ver em sua clareza, se formos verdadeiramente filósofos, na medida em que é possível para homens que são abençoados."   

Machado de Assis Sobre Típico Intelectual Brasileiro

"ouve a Tupã e escuta a Momo
sem controversia,
e tanto adora o estudo, como
adora a inércia"

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Bukowski Sobre as Mulheres:

"Estavam transformando nossa graduação em uma maldita comédia. A banda tocou o hino do colégio. Ficamos alinhados, cada um esperando sua hora de marchar pelo palco. Na platéia estavam nossos pais e amigos.
- Estou quase vomitando - disse um dos caras.
- Saímos de uma merda para nos metermos em outra - disse outro.
As garotas pareciam encarar as coisas com a maior seriedade. Era por isso que não se podia confiar nelas. Pareciam compactuar com as coisas erradas. Elas e o colégio pareciam cantar em uníssolo o mesmo hino."

Análise do Tema da Analogia - Mário Ferreira dos Santos

Os que defendem a analogia no ser, alegam a seu favor que o ser finito é tão dissemelhante do infinito, que entre o ser do homem e do de Deus, há apenas uma analogia de proporção.
Não é de admirar que se afirme haver uma incomensu-rabilidade entre nós e Deus, pois há incomensurabilidade até entre o que se dá aqui, como entre o diâmetro e a circunferência, e nas proporções dos números de ouro dos pita-góricos.
O infinito não tem medida; o infinito é medida qualitativa do finito.
Essas medidas não são unívocas, mas análogas (de participação), afirmam os que defendem a analogia do ser.
Na analogia, há a participação do analogado pelos ana-logantes, e tal participação indicia a identificação mais remota ou próxima, segundo o nosso esquema.
Na ordem noética, a participação chama-se analogia; na ordem ontológica, a analogia chama-se participação.
Os esquemas noéticos, que, por abstracção, construímos, participam dos esquemas concretos dos factos, que os captamos apenas como quididades noéticas, reduzidas a esquemas eidético-noéticos. Nesta maçã, por sua vez, o seu esquema concreto participa do esquema essencial da maçã, pois ela não esgota as possibilidades desta, mas apenas um sector dessas possibilidades, da mesma forma que esses três livros não esgotam, enquanto três, no esquema concreto de três, aqui e agora, hic et mine, as possibilidades concretas do esquema essencial três, que é um pensamento do ser, e que pode, concretamente, surgir em três cadeiras, três mesas, etc. Portanto, o esquema essencial (o arithmós, no sentido pitagórico, já por nós estudado em "Teoria do Conhecimento") é do ser, subsistente no ser, e um poder do ser, cuja existen-cialização (para empregarmos uma expressão bem avice-niana) se faz por participação. Esses livros são três, o três há neles, concretamente, não está neles, porque o arithmós três, neles concrecionado, é participante de três como arithmós essencial (esquema essencial).
Portanto, há nesses três livros uma analogia com três, e uma analogia com três mesas, três cadeiras. E são eles análogos porque participam do mesmo esquema três; por isso, na ordem ontológica, a analogia chama-se participação.
Ora, todo o ente finito participa do Ser, esse parte ca-perem, de São Tomás, pois o Ser Supremo inclui todas as perfeições em sua mais elevada e acabada realização; ou seja, segundo suas completas possibilidades, pois tudo quanto há, há no Ser, e como nada se dá fora dele, éle contém todas, as perfeições, de que uma perfeição parcial, este ente finito, hic et mine, é apenas participante. Por isso, entre o ser finito, ou melhor entre o ser criado e o Ser Supremo, criador, há apenas uma analogia de proporção. Cada ente reflecte parte dessa perfeição, na sua perfeição, no seu acto, pois, como sabemos, na escolástica, o acto é a perfeição da potência; o que é acto é a actualização de uma aptidão, que, enquanto tal, é imperfeita.
Agora, se considerarmos o conteúdo conceituai, veremos que há nele uma analogia, quando aplicada a vários entes. Se considero a cadeira um "móvel composto de assento, encosto e pernas, com a função de permitir que uma pessoa nela se assente", entre esta cadeira e aquela, o conceito, que nelas é comum, porque nelas considera apenas aquelas notas que têm em comum, é unívoco. Ou em outras palavras, há univocidade conceituai entre essas duas cadeiras. Nelas, desprezamos tudo o mais que as pode diferenciar, como o ser esta de madeira, aquela de metal, etc. Há, deste modo, uma certa identidade entre esses objectos, identidade parcial, pois desconsidero o que nelas é heterogéneo.
Mas, o conceito de ser apresenta uma particularidade que o diferencia dos outros. Tudo quanto é heterogéneo é ainda ser, e não apenas o que há de homogéneo, o que não se verificava no exemplo anterior. Não há, aí, portanto, identidade no que expressa, porque se considerarmos que ser apenas expressa uma parte dos objectos (isto é, se admitimos que o conceito de ser tem uma representação parcial), as notas heterogéneas seriam extrínsecas ao ser, e neste caso seriam idênticas ao não-ser, o que nos colocaria num verdadeiro contra-senso.
Portanto, concluem os tomistas, o conceito de ser é ape-nos proporcional entre os seres, não é unívoco, mas apenas análogo.
Mostram-nos os tomistas que todo conceito unívoco pode ser expresso por um termo abstracto e por um termo concreto. O termo abstracto expressa uma abstracção "formal", por ex.: dureza. Expressa êle certa forma ou qualidade, isolada do seu sujeito (cxprimit subjectum sed non to-tum). Mas, quando digo que esta casa é verde, considero-a dotada da côr verde. Indica o sujeito integralmente (a casa), mas qualifica-o por uma de suas determinações (ex-prímit subjectum totum, sed non totaliter = expressa todo o objecto, não porém totalmente). É o termo concreto. O termo concreto expressa o próprio sujeito afectado de uma determinação particular. É o resultado de uma abstracção "total", isto é, efectuada sobre o todo. Quando digo "negro", refiro-me a um certo sujeito dotado da "negrura".
Posso predicar o termo concreto do sujeito, mas o termo abstracto não pode ser predicado do sujeito. Posso dizer que este homem é negro, não posso dizer porém que êle é negrura, pois não posso considerar a parte como idêntica ao todo.
O termo ser empregado expressa sempre o sujeito totalmente e sob todos os aspectos e relações (exprimit sub-jectu totum et totaliter — expressa todo e totalmente o sujeito). O ser, por abstracto que se queira tornar, não exclui, não separa, não isola um aspecto parcial do sujeito; desta forma, no ser, a abstracção total e a abstracção formal se equivalem. Se digo que este livro existe ou que este livro é sua existência, é indiferente, porque existe e existência são equivalentes.
Fazem deste modo os tomistas questão de salientar que o ser não é nunca um aspecto, um elemento, uma determinação dissociável, mesmo quando considerado logicamente, dos outros, pois quaisquer das outras determinações são intrínseca e formalmente o ser.
Esse o aspecto misterioso do real, unidade na diversidade e diversidade na unidade. Quando conceptualizamos a ideia de ser, temos uma ideia, mas confusa (de confundere, de fundir com, misturada), por isso analógica do ser, que na sua essência nos escapa; isto é, temos um sabor quiditativo do ser não quidditative, exaustivo até à sua essência, o que fronèticamente se o tivéssemos, por fusão com êle, nos poria em estado de beatitude, o que pelos tomistas, nos é negado nesta vida" ("Ontologia e Cosmologia" págs. 75-85).
Um mais aprofundado estudo da gnosiologia e da noolo-gia, do funcionar do nosso conhecimento e da mente humana, mostra-nos que há validez nos esquemas noéticos que construímos, pois, desde que sejam rigorosamente estructu-rados, correspondem a fundamentos reais.
Se prestar-se atenção a conceituação lógica, já escorreita da capa experimental, purificando-a do que é da nossa pragmática, para considerar o conceito na sua estructura ei-dético-noética, formal portanto, ver-se-á que os conceitos se entrosam em nexos rigorosos, que não permitem entre eles, enquanto tais,outra distinção que a meramente real-formal, e não real-física. O mesmo nexo unitivo que, ontologicamente, sentimos dar-se no ser que, em sua essência, é um, e não múltiplo, revela-se aqui, analogando as formalidades uma às outras, como os seres se analogam existencialmente uns aos outros.
Entre aquela estrela e nós, há alguma coisa em comum, sentia-o Goethe, porque, do contrário, como poderíamos conhecê-la de qualquer modo? Entre os seres há sempre uma relação de semelhança e de diferença, porque do contrário teríamos de aceitar um abismo entre os seres, o que nos colocaria, de chofre, nas aporias do pluralismo.
O diferente absoluto, que estabelecemos no estudo da analogia, refere-se à haecceitas, ao arithmós individual na linguagem pitagórica, à unicidade da singularidade que, como tal, não se confunde com outra, pois é apenas ela mesma, numericamente distinta, como também o é ônticamente distinta. Mas, esse absoluto não é algo que se separa fisicamente do ser, pois o que individualiza, singulariza, e dá unicidade ao ente não é um ser fora do ser, mas no ser. É apenas o arithmós, o conjunto, o arithmós plethos de uma unidade, que é o arithmós tonos, o arithmós tensão, que o distingue de tudo o mais. O que um homem, como existente, é, em sua unicidade, é o arithmós, que é, que é só êle (singularidade), que constitui a sua forma individual. Mas a com-ponência desse ser é do ser.
Assim como a matemática nos mostra que são possíveis combinações potencialmente infinitas, o arithmós individual é próprio de cada um, sem necessidade de afirmar uma identidade com outro quanto ao conjunto (plethós) de uma unidade, que se identifica no ser, por ser apenas ser (1). Consequentemente, entre todas as coisas há uma analogia mais próxima ou mais remota, pois o indivíduo, quando se unívoca na espécie e esta no género, conserva a sua diferença individual ou específica.
A participação por hierarquia formal nos permite compreender desse modo a via symbolica, o itinerarium mysti-cum que podemos seguir, pois, partindo das qíiididades que compõem o arithmós plethós de um ser (há aqui um arithmós tomado no conjunto das qíiididades), podemos ver que Considerm-se, ainda, como virtudes anexas da prudência as seguintes: a eubulia, o hábito" recto de consultar; a synesis, o hábito recto de julgar segundo regras comuns; a gnome, o hábito recto de julgar segundo os princípios superiores, sobretudo jurídicos.

Voegelin em Hitler e os alemães


"Permiti-me informar-vos da reação a Hitler de um homem de qualidade, de reconhecida qualidade. Pode ser encontrada nos diários de Thomas Mann para os anos de 1933 e seguintes. Aqui, Mann fala das observações de Wasserman acerca de Max Planck:
'que estava fazendo relatos a Hitler concernentes às demissões de professores semitas e teve de ouvir uma resposta de 45 minutos, da qual retornou para casa completamente arrasado. Era como a fofoca de uma velha camponesa acerca de matemática - no nível de uma pessoa semi-analfabeta com idéias fixas, como nada que o famoso cientista jamais ouvira na vida. Dois mundos entraram encontato quando da ascensão estúpida e demagógica deste indivíduo ao poder: o conhecimento, a erudição, o pensamento rigoroso ouve a insolência de expectorações professorais, e se curva, afastando-se.'
Aí tendes a tragédia do caráter alemão. Quando essa ralé abjeta chega ao poder, terminou a cultura. Aí só se pode curvar-se e ir embora."

O Verdadeiro Segredo do Sucesso

"At Pepsi we like Cola Wars. We know they are good for business - for ALL soft drinks brands. You see, when public gets interested in the Pepsi-Cola competition, often Pepsi doesn't win at Coke's expense and Coke doesn't win at Pepsi's. Everybody in the business wins. Consumer interest swells at market. The more fun we provide, the more people buy our products - ALL our products."
Roger E. Enrico, chief executive of Pepsi

Um trecho de Tucídides

"Nor was this the only form of lawless extravagance wich owed its origin to the plague. Men now coolly ventured in what they had formerly done in a corner, and not just as they pleased, seeing the rapid transition produced by persons in prosperity suddenly dying and those who before had nothing succeding to their property. So they resolved to spend quickly and enjoy themselves, regarding their lives and riches as alike things of a day. Preserverance in what men called honour was popular with none(...). Fear of gods or law of man there are none to restrain them . As for the first, they judged it to be the same wether they worshipped or not, as they saw all alike perishing; and for the last, no one expect to live to be brought to trial for his offences, but each felt that a far severer sentence had been already passed upon them all and hung ever over their heads, and before this fell it was only reasonable to enjoy life a little"

Johan Huizinga em Homo ludens

Para os gregos os tesouros do espírito eram frutos do ócio - skole - e para o homem livre durante todo o tempo durante o qual não lhe era exigida qualquer prestação de serviço ao Estado, à guerra ou ao rito era tempo livre, de modo que dispunha mesmo de bastante lazer. A palavra escola tem por trás dela uma história curiosa. Originalmente significava "ócio", adquirindo depois o sentido completamente oposto de trabalho e preparação sistemática, à medida que a civilização foi restringindo cada vez mais a liberdade que os jovens tinham de dispor do seu tempo, e levando estratos cada vez mais amplo de jovens para uma vida cotidiana de rigorosa aplicação, da infância em diante

A Camões - Manuel Bandeira

Quando n'alma pesardes tua raça A névoa da pagada e vil tristeza, Busque ela sempre a glória que não passa Em teu poema de heroísmo e de beleza. Gênio purificado na desgraça, tu resumiste em ti toda a grandeza, poeta e soldado, em ti brilhou sem jaça o amor da grande pátria portuguesa. E enquanto o fero canto ecoar na mente da estirpe que em perigos sublimados plantou a cruz em cada continente, Não morrerá sem poetas nem soldados a lingua em que cantaste rudemente as armas e os barões assinalados

Quantos copos o terremoto quebrou - Olavo de Carvalho

Para ir adiante no estado de filosofia, o sujeito precisa ter tolerância para com o estado de dúvida. Esta tolerância é alimentada numa espécie de fé que nós temos. Fé, que é baseada na experiência, de que a impressão de caos que você está tendo é passageira. Lembrar que o caos está em você, na sua mente e não na ordem da realidade.  A segunda  guerra mundial, por exemplo, durou 5 anos, matouno total 40 milhões de pessoas. Mas e as outras pessoas? O que estavam fazendo? Será que a vida cotidiana parou? As pessoas não tomavam mais banho, não comiam, não conversavam, não namoravam? Não iam à praia? Será que isto não acontecia? Mesmo dentro de uma situação de caos histórico-social extremo, a ordem profusa continua lá. O número de pessoas que é afetado diretamente pela situação de caos, as vítimas diretas são em número pequeno se você tomar a totalidade da população envolvida. Teve um terremoto no Chile.  Quantos copos o terremoto quebrou? E quantos copos existem no Chile? A experiência humana do mundo real é
experiência de uma profunda estabilidade que se prolonga no tempo e de uma sucessão imensa de
processos e transformações absolutamente pacíficos: o crescimento de uma árvore, o germinar de uma planta, o crescimento do feto na barriga da mãe, a lenta acumulação de bens pelo trabalho, o seu próprio crescimento, o desenvolvimento humano,os movimentos dos planetas no céu, os processos de erosão que estãoalisando as montanhas, mudando o perfil das pedras. São processos lentíssimos. Este é o fundo da nossa experiência. O ato mais elementar de percepção, ao qual me referi no começo, de captar um ente singular e apreender nele a forma inteira da espécie que se manifesta integralmente nele - embora não revelando toda suas potencialidades e variação – revela uma estabilidade real. Mesmo que você seja um evolucionista radical, terá de concordar que se as espécies mudam, elas levam um tempo desgraçado para fazer isso.  Não dá para ser evolucionista sem reconhecer espécies. Se não há espécies, não há evolução das espécies. Você pode tentar me provar que uma lagartixa virou um orangotango, mas é porque você sabe o que é uma lagartixa e o que é um orangotango. Portanto, o tempo de duração das espécies não muda o que eu estou falando, e o tempo de duração do universo, também não afeta em nada o que estou falando. Nós temos o senso do caos, da desordem do susto, do espanto; porque nós vivemos num mundo que é feito de processos regulares e lentos e entre-mesclados de tal maneira que um não atrapalha o outro. Não é incrível? Porque veja se olhar pra cima os planetas estão girando em torno do sol, fazendo isso há um tempão e ao mesmo tempo aqui as árvores estão crescendo, os ventos sopram, os rios correm; é porque nós vivemos num fundo de estabilidade móvel. Se fosse uma coisa totalmente parada nós não poderíamos chamar de estabilidade, porque se nada acontece você nada percebe. Se não há alteração, não há percepção. Então nós vivemos num mundo que é feito de alterações. E estas alterações são lentas, por assim dizer, orgânicas.